Fazer uma cirurgia plástica e corrigir aquele “defeitinho” que
tanto incomoda é um desejo da maioria das pessoas, principalmente das mais
vaidosas. Entretanto, o que muitos não sabem é que, a cirurgia plástica não
realiza milagres, e esquecem que todas as cirurgias plásticas deixam como
“brinde”, uma cicatriz.
Isso acontece porque a cicatriz é gerada pelo corte feito na
pele, e independente do tipo de sutura utilizada para juntar novamente a pele,
o resultado final será, irremediavelmente, uma cicatriz.
Mesmo com as mais modernas técnicas de sutura e até mesmo o uso
das chamadas “colas biológicas” não tem como escapar desse fato.
Segundo a Dra. Deusa Pires Rodrigues, especialista em Cirurgia Plástica e Membro Efetivo da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o que os cirurgiões buscam é
minimizar os efeitos das cicatrizes, buscando coloca-las em locais pouco
visíveis ou então coincidindo com as chamadas “linhas de forças naturais”, que
são as marcas já existentes no corpo, ou nos lugares que ficarão cobertos por
biquínis e/ou sungas ou por pelos e cabelos.
No quesito cicatrizes existem algumas modalidades cirúrgicas que
aparentemente não deixam nenhuma marca, tais como as cirurgias de nariz e
queixo, porque nestes casos as cicatrizes ficam por dentro do nariz e da boca.
Existem ainda áreas favoráveis a uma cicatrização mínima, como por exemplo, em
algumas regiões do rosto, preferencialmente as pálpebras.
Além da cicatrização mínima, esse procedimento é favorecido pela
presença do sulco natural dos olhos, que é exatamente onde se “esconde” a suave
cicatriz. Outro exemplo de cicatriz ocultada por sulcos naturais é a cirurgia
de orelha, onde a incisão é feita bem na fenda natural, dando a impressão que
não existe nenhuma cicatriz por ali. A colocação de próteses nas nádegas também
segue essa regra: a incisão é feita na prega interglútea.
Já outras regiões são favoráveis por causa da diferença de cor,
como no caso das mamas. Então as cicatrizes ficam exatamente na transição da
aréola (parte mais escura do peito) com a pele mais clarinha, e dessa forma
ficam imperceptíveis. Alguns procedimentos, no entanto, são particularmente,
favoráveis no quesito cicatriz. A lipoaspiração lidera o ranking, até porque
suas incisões têm apenas 4mm e podem ser localizadas em áreas normalmente
cobertas (marca do biquíni). Entretanto, é sempre bom lembrar que a
lipoaspiração não é método de emagrecimento, e em alguns casos não resolve o
problema de excesso de gordura na barriga, sendo necessário primeiramente
perder peso e posteriormente a realização de outro tipo de cirurgia para
remoção das sobras de pele.
As cirurgias que deixam as incisões mais evidentes são a
mamoplastia (redução ou elevação das mamas), cicatriz em forma de T invertido,
e a abdominoplastia (remoção de pele e gorduras abdominais), que geralmente
deixa uma incisão que vai de um lado ao outro na região do quadril. Nesses
casos o médico deve deixar bem claro aos pacientes quanto ao resultado final
para que se avalie a relação custo/benefício desse procedimento.
É fundamental
analisar bem se o problema que a leva a submeter-se a cirurgia, incomoda mil
vezes mais que a possibilidade de uma cicatriz mesmo que visível, comenta a
Dra. Deusa.
Onde se localizam as cicatrizes nos locais cirúrgicos:
Olhos - sulco palpebral e rente aos cílios inferiores;
Orelhas - sulco atrás das orelhas;
Nariz - dentro das narinas;
Queixo - dentro da boca, na gengiva;
Eliminação de rugas - pregas pré e pós-operatória e rente a raiz
do cabelo;
Braços - em T na prega axilar estendendo-se até cotovelo;
Diminuição de mamas - em T invertido ou vertical;
Prótese de seio - axila, sulco mamário, circo inferior
(semicírculo) da aréola;
Próteses de bumbum - prega interglútea;
Outros tipos de próteses - pregas naturais;
Cirurgia pós-obesidade - abdominoplastia: incisões de até 30 cm;
Dermolipectomia de coxas: de até 20 - 25 cm.
Quando se fala em cicatrizes temos que considerar também as
características pessoas e raciais.
Indivíduos da raça negra e amarela
geralmente têm maior tendência a desenvolver quelóides que são cicatrizes
exageradas, exuberantes. Outro fator importante é com relação à idade, porque
hoje a cirurgia plástica é procurada desde crianças e adolescentes à pessoas de
até 60 anos. Quanto mais jovem o indivíduo, mais visível a cicatriz devido a maior
capacidade de deposição de tecidos cicatriciais.
À medida que envelhecemos, o
adelgaçamento da pele promove cicatrizes mais discretas e imperceptíveis daí o
sucesso das liftings de rosto.
Em quaisquer casos o cirurgião deve sempre explicar aos
pacientes os processos da evolução da cicatriz em relação a sua aparência.
Toda
cicatriz fica vermelha até 7 ou 8 meses após a cirurgia. A partir daí ela vai
clareando até 1 ano ou 1 ano e meio. No fim desse prazo, se o paciente
cicatrizar perfeitamente bem, a cicatriz estará sob a forma de um fio branco.
Mas desaparecer completamente, isso nunca vai acontecer.
Em seu resultado final, as cicatrizes podem se mostrar:
a) Como um fio de 1mm branco ou castanho claro, no caso das
pessoas da raça negra esse aspecto é o melhor possível.
b) Como uma fita branca: a cicatriz é normal, porém alargou
devido ao grau de tensão entre as bordas da incisão ou devido a fraqueza da
ancoragem realizada pelos pontos subdérmicos.
c) Cicatriz elevada e escura (arroxeada): é denominada cicatriz
hipertrófica já é uma cicatriz anormal, mas não é quelóide; parece um cordão
endurecido e escuro.
d) Quelóide: cicatriz elevada, endurecida, escura, às vezes
dolorosa e pode coçar. Em geral ultrapassa os limites da incisão em todos as
direções (para cima, para os lados, para as extremidades).
A cicatriz queloideana é considerada patológica e merece
tratamento à base de compreensão, uso de corticóides (pomadas, fitas adesivas,
injeção) e até Betaterapia (radiação superficial que penetra a pele só 4 mm no
máximo). Porém, mesmo com os tratamentos, a quelóide pode voltar com uma
porcentagem grande. “Em pacientes potencialmente problemáticos (negros,
orientais e indivíduos que já apresentam cicatrizes patológicas), evitamos
deixar as bordas das incisões sob tensão e algumas vezes já indicamos
Betaterapia a partir do dia seguinte à cirurgia.
Podemos ainda prescrever
pomadas a base de corticóide, antes da cicatriz engrossar, comenta a
especialista.
A Dra. Deusa Pires
Rodrigues é Cirurgiã Plástica, formada pela Universidade de São Paulo –USP-
desde 1994, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e
Diretora da Clínica Equilibrium Vita.
Para saber mais, acesse: www.dradeusa.com.br
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